Juventude: Dom e serviço... (II)

A Rede Inaciana de Juventude se articula em três instâncias:

1. MAGIS BRASIL. Escritório Nacional na cidade do Rio de Janeiro;
2. Centros MAGIS: Nas cidades de Belém, Fortaleza e São Paulo;
3. Casas MAGIS: Nas cidades de Campinas/SP, Cascavel/PR, Goiânia/GO, Manaus/AM, Rio de Janeiro/RJ, Teresina/PI...

O Programa MAGIS BRASIL coordena as dimensões dos Exercícios Espirituais para jovens, Voluntariado, Metodologia, e Vocações Jesuítas. Todos somos animadores ou desanimadores da juventude.

A nova Província dos jesuítas no Brasil escolheu a Juventude como uma das opções fundamentais do seu projeto Apostólico. Estar com eles e partilhar o que somos e temos.

Neste período conturbado da história, sentido com desconfiança pelos adultos e certo otimismo para os jovens, pelas novas oportunidades que o Brasil agora oferece. Os jovens de hoje tem chances melhores das que tiveram os seus pais. Uma senhora, neta de escravos, partilhava sua felicidade comigo, pois tinha o filho doutorando nos Estados Unidos... A dúvida que fica é: as oportunidades são para todos.

Quem são os jovens e quem entra nessa categoria? É unanimidade considerar a população compreendida entre 15 e 29 anos de idade, sujeitos de direitos universais e também específicos. É uma etapa transitória, mas concretiza valores permanentes de liberdade, democracia e vida saudável, com a valorização do prazeroso e o culto do corpo. Ser jovem virou a maior propaganda de consumo!

Existem muitos e diversos grupos juvenis que sofrem as influências multiculturais da sociedade pós-moderna, mas todos convergem em alguns pontos e divergem em outros em relação ao dinheiro, à educação, ao trabalho, à moradia e até do clube futebolístico que apoiam. Nossa irresponsabilidade é passageira, dizia um deles ao juiz que o julgava. O grupo de amigos, a gang ou a tribo tem mais força convocatória do que os conselhos paternos. Dai a pressão, por parte de alguns segmentos da sociedade, para reduzir a idade penal de 16 para 12 anos de idade, achando que o problema da violência é de ordem social e não individual.

Algumas características são comuns aos jovens: A importância da identidade visual (moda, aparência...) está em primeiro lugar. É por ela que se transmitem importantes aspectos da condição biológica e sociocultural (sexo, idade, classe social, personalidade, trabalho, etc.) Lembremos que Inácio de Loyola, após a sua conversão, trocou suas roupas vistosas de gentil-homem com as de um mendigo. Isso aconteceu em Monserrat/Espanha, no ano de 1522. A identidade pessoal transparece no modo de vestir, andar e até de se pentear. Responsabilidade e compromisso surgem em segundo lugar. E em terceiro lugar aparece a vulnerabilidade social e a insegurança pessoal, com seus números fatídicos e dramáticos.

A educação é um campo apostólico expressivo na nova Provincial do Brasil, pois contamos com 14 colégios e 6 instituições de Ensino Superior, sem contar com os numerosos centros sócio-educativos de Fé e Alegria, lá onde o asfalto termina. Muitos jovens campeiam pelas nossas obras, mas não sei se nós, jesuítas, estamos perto deles...

Sabemos que os jovens das nossas escolas são privilegiados, pela excelência acadêmica que as revestem. A maioria dos estudantes não tem tamanha sorte, pois percorrem uma trajetória escolar muito irregular e frustrante, marcada pelo abandono precoce, idas e vindas, saídas e retornos constantes. O que atualmente é privilégio de poucos deveria ser direito normal de todos. As desigualdades sociais na área da educação são enormes, pois a maioria dos jovens (82%) frequenta a escola pública. A baixa qualidade do ensino público repercute gravemente na condição negativa do sistema político e social.

No Brasil é significativa a constituição do Conselho Nacional de Juventude e da Secretaria Nacional de Juventude, 2005, no âmbito do Governo Federal, com suas políticas inclusivas dos jovens carentes e com necessidades especiais. Isso é positivo.

Os espaços e formas de lazer também são desiguais, conforme o poder aquisitivo da família. A maioria dos jovens (70%) reside nas cidades e os outros 30% na zona rural. Contudo, o trabalho ou os bicos informais ocupam o dia de quase todos. Dentro de casa a TV (filmes e novelas, programas esportivos ou noticiários...) é assistida pela maioria tanto que ela fica ligada dia e noite, com telespectadores ou sem eles. As meninas preferem as novelas e os rapazes os programas de esporte.

E que dizer da música? Curioso saber que a maioria da juventude curte música sertaneja, seguida pelo forró, rock, romântica, gospel, pagode e hip-hop... As tarefas domésticas são exercidas pela maioria dos jovens das classes sociais populares. Por desgraça, a leitura é hábito de poucos.

As atividades religiosas ou culturais que giram ao redor dos diversos templos (católicos, protestantes...) movimentam muitos jovens, independentemente da sua escolarização. Ai eles encontram um ambiente saudável e propício para se relacionar e até namorar. O mesmo não ocorre com os sindicatos e os partidos políticos. Objetivos individuais e pragmáticos parecem pesar mais do que as utopias coletivas.

A maioria dos jovens brasileiros (96%) declara possuir uma religião, embora sua participação seja mais virtual do que real. O pluralismo religioso (Católico, Evangélico, Espírita, agnóstico...) está presente nas famílias, escolas e espaços públicos. A dimensão religiosa é importante na vida do jovem brasileiro.

Contudo, os jovens, como aquele José do Egito, são as principais vítimas do injusto sistema social: saúde precária, educação deficiente, segurança pública falha... Fala-se do protagonismo juvenil, jovem como sujeito de sua própria formação e ator da transformação social, mas não é fácil implementar esse desejo permanentemente. Desemprego, criminalidade e violência andam juntos e as principais vítimas são, na sua imensa maioria, jovens. Há um genocídio silencioso dos jovens (suicídios, homicídios, acidentes de trânsito, brigas, consumo de drogas, etc...). Muitos são eliminados e morrem antes dos 29 anos de idade!

Nesse horizonte de trevas e luz os jovens são um dom de Deus para a Igreja e a sociedade. Eles são exímios em muitas áreas e consolidam o melhor de nossas esperanças.

O ciberespaço parece ser o nosso limite.
Volver arriba