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Ser jovem em tempos tenebrosos

O Sínodo sobre a juventude aconteceu e com ele alguns jovens tiveram

a oportunidade de estar inseridos no seio deste acontecimento eclesial e ouvir que a

Igreja se preocupa com eles. Quer ouvi-los, captar seus desejos e aspirações, falarlhes. Fazê-los sentir que nestes tempos tenebrosos que vivemos os jovens são o

presente e a esperança de futuro.

É difícil ser jovem hoje em dia. A vida se torna cada vez mais difícil. As

relações afetivas são voláteis e frustrantes. O futuro profissional inexiste e muitas

vezes anos de estudo e preparação desembocam no lodaçal viscoso e repugnante do

desemprego e das faltas de oportunidade.

Além disso, a violência que transforma nossa época em uma terceira guerra

mundial em capítulos é uma ameaça constante à vida da juventude, sobretudo da

mais pobre e vulnerável. No Brasil, os números são assustadores. Matamos perto do

equivalente a uma guerra do Vietnam por ano. E as vítimas são em sua maioria

jovens do sexo masculino, em sua grande maioria negros.

A essa juventude se dirigiu a Igreja Católica reunida em sínodo. E o documento

final afirma que se procurou estabelecer um verdadeiro diálogo com a geração que

hoje vive o que antes se considerava os anos dourados. Hoje já não se sabe se

realmente o são. Tantas são as ameaças, as dificuldades, a falta de horizontes que as

gerações anteriores, incluindo a nossa, presenteou a atual geração jovem.

Os padres sinodais afirmam ter tentado honesta e esforçadamente realizar uma

escuta empática que evitasse respostas pré-concebidas e receitas prontas.

Reconheceram que nem sempre a têm realizado e manifestaram o desejo de

realmente fazê-lo. Porque – constatam – os jovens querem ser escutados, desejam

ser ouvidos e que se lhes preste a atenção que merecem. Anseiam serem

acompanhados por pessoas sensíveis e capazes, que possam ajudá-los em suas

perplexidades e buscas.

O Sínodo confirmou sua intuição de que a juventude hoje, apesar de todos os

problemas e dos contínuos estímulos a ela lançados pela globalização, a

secularização e os desertos contemporâneos, ainda sente sede de Deus e busca uma

espiritualidade. Talvez não busque tanto uma religião ou uma instituição, mas sim

uma espiritualidade, algo que dê sentido à vida e ajude a viver. Por isso, a Igreja se

sente estimulada a recuperar a importância do dinamismo da fé em seu diálogo com

as novas gerações.

O documento também pede perdão pelos recentes casos de abuso por parte

de pessoas da Igreja com tantos jovens e assume o firme compromisso de adotar

rigorosas medidas de prevenção que impeçam a repetição de tão tristes

acontecimentos, a partir da seleção e formação mais cuidadosa daqueles a quem

serão confiadas tarefas de responsabilidade e educativas.

Parece-me que aí se encontra um dos pontos altos do documento. Já é mais

que hora de falar a verdade aos jovens. É imperioso que a Igreja se mostre a eles e

elas com sua verdadeira face. Sem filtros. Sem camuflagens. Trata-se da Igreja de

Cristo, santa e pecadora. Nela os jovens deverão poder encontrar o brilho e o fulgor

da santidade que é dom do Espírito Santo. Mas também poderão encontrar - e

certamente isso ocorrerá – as sombras e as trevas das fraquezas e dos pecados que

dão testemunho constante de quão humana é essa comunidade de homens e

mulheres que se dispõe a seguir Jesus Cristo e anunciar seu Evangelho.

Uma Igreja que tem a coragem de mostrar-se tal qual é e de pedir perdão por

erros cometidos terá muito mais credibilidade junto aos jovens. E será muito mais

capaz de acompanhá-los em seus discernimentos e escolhas, acolhendo-os como

mãe carinhosa, com seus defeitos e qualidades. Nessa relação sempre renovada pela

verdade, poderá acontecer o diálogo da juventude com a Igreja. Sem falsos

moralismos ou inverdades que matam a credibilidade e o diálogo.

O texto bíblico que permeia o documento como fio condutor é a belíssima

passagem do encontro dos discípulos de Emaús com o Cristo

Ressuscitado. Desolados e perdidos no caminho, os dois que partiam em direção a

Emaús sentiam que a esperança lhes havia sido roubada. Tudo apostaram no Galileu

de palavras de fogo e amor ardente e agora, com sua morte, o chão se abria sob seus

pés.

O forasteiro os ouviu e caminhou com eles. Não lhes mentiu nem deu soluções

fáceis. Mas explicou que o sofrimento e a morte fazem parte da vida humana, tal

como os profetas já haviam dito. No entanto, Deus era maior que a dor e a morte e o

demonstrara ressuscitando seu Filho que os homens mataram. O pão partido e

partilhado foi o sinal desta vida que não morre. E os dois, que já nada mais

esperavam, reconheceram o Senhor e reencontraram o sentido e a razão para viver.

Que assim seja com os jovens de hoje que esperam da Igreja palavras de

esperança e luz. Tomara que esse Sínodo seja o marco de um novo tempo no qual as

trevas possam ser atravessadas na esperança de que a palavra final para os jovens

será o amor.

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